A censura deixa de ser exclusividade dos "vilões mundiais".

Em tempos de copa do mundo, a notícia volta a ser o futebol.

"Quem disse que censurar é verbo exclusivo dos vilões mundiais?" Esse deve ser o lema da FIFA nesse mundial. Diante de tantos erros de arbitragem (erros graves que possivelmente provocaram a eliminação de algumas equipes) a FIFA foi pressionada, e a solução foi censurar.

Neste domingo (27/06/2010), jogaram Alemanha e Inglaterra pelas oitavas de finais da copa do mundo de 2010. A Alemanha vencia o jogo por 2x1 até que o jogador Inglês Lampard chutou de fora da área e "fez um lindo gol" - o gol aconteceu, mas o árbitro da partida anulou o gol (veja o gol aqui). Os erros não pararam por aí: no mesmo dia, na partida da Argentina contra o México outro erro de arbitragem pode ter tirado a seleção Mexicana da competição.

Apesar do jogo da Argentina também ter causado polêmica, a maior parte das críticas vieram por causa do jogo da Inglaterra. Todos no estádio viram (através dos telões) que o gol foi legítimo e mal anulado, e no fim do primeiro tempo o som das vuvuzelas deu lugar a uma vaia aos árbitros.

Questionada sobre o ocorrido, a FIFA não comentou os erros de arbitragem, e disse que a não utilização de recursos tecnológicos foi uma decisão da "International Board". Ainda, comentando o replay exibido durante o jogo, falou que isso foi um erro que os replays dentro dos estádios só poderiam acontecer se não envolvessem lances polêmicos - parece que é muito mais fácil omitir censurar do que adotar soluções alternativas. A FIFA reforçou as instruções para a não exibição desses lances.

Poucas semanas atrás comentava-se a censura imposta pelo ditador norte-coreano Kim Jon-Il, que impedia que o jogo do Brasil contra a Coréia do Norte fosse transmitido ao vivo para lá. O jogo foi transmitido apenas no dia seguinte, mediante autorização do ditador. No jogo seguinte, Coréia do Norte contra Portugal, foi a transmissão ao vivo da partida foi autorizada pela primeira vez. Essa notícia ficou famosa em todo o Brasil, e muitos criticavam a censura.

Não sei se todos concordam comigo, mas vejo muita semelhança nos dois casos: do lado da Coréia do Norte, para preservar a honra e o orgulho de seu povo, e do lado da FIFA, para preservar os árbitros. Nenhum árbitro (pessoa) está livre de erros, mas eles podem ser minimizados com o auxílio da tecnologia.

A proibição dos replays nos estádios é justificada "por motivos de segurança". Aqueles torcedores que estão lá certamente têm celulares, e grande parte deles mantém-se conectados com a internet. É inevitável - e inadmissível - que a informação seja vetada ao torcedor. Seria melhora para todos se ao invés de banir essas imagens dos estágios, elas fossem usada à favor da arbitragem.

Não sabemos se a inglaterra conseguiria vencer o jogo após o empate em 2x2. Talvez não. O que é certo é que a Alemanha, se pudesse escolher entre uma vitória ofuscada por uma falha de arbitragem e uma vitória legítima, escolheria a vitória legítima. Ninguém gostaria de ver os méritos de sua seleção serem esquecidos por um erro alheio.


Referências:

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